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Curitiba/PR, Brazil
Ministra da Eucarístia,exerce o ministério da cura e libertação. Escritora, professora e atualmente exerce a função de técnica de enfermagem com zelo e amor ao próximo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ADVENTO: ESPERAR O QUE?



Estamos iniciando um novo tempo litúrgico na Igreja: o Advento. As verdadeiras origens históricas deste tempo são incertas e as notícias que nos chegaram são escassas. É o tempo de espera do Senhor; é um tempo de profunda reflexão das passagens bíblicas que falam da vinda do reino de Deus através do profeta Isaías, de João Batista e de Nossa Senhora. Na liturgia da Igreja há um tempo para tudo; o tempo do homem (kronós) deve se encontrar com o tempo de Deus (kairós). Costumam-se, em nossas Igrejas, simbolicamente acender as velas da coroa do advento; ela é composta de ramos verdes e quatro velas.
O verde representa toda a natureza à espera do Salvador.
As velas, em número de quatro, representam os quatro domingos do advento. Embora seja um curto tempo de preparação com quatro domingos, como vemos pelos textos litúrgicos e principalmente pela leitura quase cotidiana do profeta Isaías, é praticamente formado de dois períodos:
1. Do primeiro domingo até 16 de dezembro dá-se maior evidência ao aspecto escatológico e procura-se orientar as almas para a espera da vinda gloriosa de Cristo;
2. Do dia 17 de dezembro ao dia 24, tanto na missa quanto na liturgia das horas, todos os textos orientam-se mais diretamente à preparação do natal.
As três grandes figuras já aludidas neste período são: o profeta Isaías (nele se encontra um eco da grande esperança que confortou o povo eleito durante os séculos duros e decisivos da sua história); João Batista (último dos profetas e resume na sua pessoa e na sua palavra toda a história anterior; é sinal da intervenção de Deus em favor do seu povo) e Maria (a solenidade da Imaculada Conceição no dia 8 de dezembro refere-se a ela como o modelo da humanidade redimida, fruto mais excelso da vinda redentora de Cristo).
Estas três figuras querem nos ajudar a esperar o Salvador da humanidade. Em tempos de lançamento da “operação capitalista do natal” comercial, somos chamados a contemplar as leituras deste tempo forte da liturgia da Igreja. Não temos como fugir da lógica sutil e aterrorizadora do mercado.
O advento, com a sua mensagem de espera e de esperança diante da vinda do Senhor, deve formar comunidades cristãs e crentes individualmente que se proponham como sinais alternativos para uma sociedade em que as áreas do desespero parecem mais vastas do que as da fome e do subdesenvolvimento. Enquanto milhares e milhões de pessoas e até cristãos católicos, entram na frenética corrida por presentes e um consumo desumano, gerando um esvaziamento avassalador do mistério do Natal, nós, em nossas Igrejas, casas (novenas de Natal nas famílias, presépios, luzes reluzentes nas casas e outras iniciativas), somos chamados a levar a esperança; a esperar algo... Algo que seja realmente luz verdadeira. Esperar o que no tempo do advento? O que queremos e devemos esperar? Queremos realmente esperar o Salvador? Onde o colocaremos? Vivemos o advento vazio de nossas sociedades ou o advento verdadeiro do Senhor? Como podemos nos preparar bem sem cair na rotina desgastante?
"Somos chamados a esperar, esperando com esperança."



Frei André, OP
Vigário Paroquial – Santo Antônio (Boa Vista)